domingo, 4 de marzo de 2007

POR QUE ENVELHECE UMA ORGANIZAÇÃO

Corre o tempo mansamente, como as águas dos riachos, a procura do que o destino lhes prometeu: desafiar o infinito para ser eterno.
O tempo vive a contradição de ser velho e novo ao mesmo tempo. Quando uma saudade o torna saudosista, surge uma vontade de fazer algo que ainda não existe, e como criança, engatinha em busca das condições de provocar a nova travessura e, iniciar mais um passo, pela corcunda da velha história.
Uma organização também tem os seus tempos: velhos e novos. Desliza sobre eles como colunas de gente, como se fossem trilhos, que levam os vagões da história, carregados de saudades e sonhos.
O caminho feito precisa ser cuidado, para que as fezes do inimigo não venham tirar o perfume das flores já floridas. A história tem esta preciosidade, de guardar oxigênio, escondido nos pulmões das gerações que nascem, com pena e saudade das que já foram.
Os corpos são canais que se encostam para deixar passar o sangue e os sonhos produzidos. Os que se enterram, formam o canal já pronto, os que se movem, cavam ainda o lugar onde se deitarão para envelhecer. Envelhecer é ficar parados, novo é o que se realiza.
Orgulhosa é a história, tem o cuidado de não se repetir, pelo simples fato de que não pode voltar atrás. Voltar significa pisar sobre o próprio corpo. Por isso segue em frente. Todo dia aparece com um novo vestido, mais triste, quando seus filhos não pensam nada novo; mais florido, quando os sonhos se transformam em passos e desafiam todos os limites.
Quando pára uma organização envelhece. Quando a poesia não se transforma em canto, quando a vitória não se transforma em pranto.
Quando repete e pisa o próprio peito, tentando caminhar o passo feito. Anda para trás; quando os pulmões não sentem os aromas das manhãs.
Se as gerações de quadros não se multiplicam, são pedaços do canal não feito que para trás ficam; por onde vazará a energia, perdida, que tira da organização a própria vida.
Quando as relações entre as pessoas não evoluíram, as mulheres ainda têm o seu senhor, é sinal que o coração bate, mas sem amor.
Onde o jovem no campo em tenra idade, diverte-se atraído pelas luzes da cidade. E a criança cansada já de andar, ainda não aprendeu a soletrar, a palavra liberdade.
Se o veneno é jogado sobre a terra, é porque foi declarado guerra, contra inimigos “inferiores”, que nada podem, a não ser, ajudar os humanos a desenvolver valores.
Quando a teoria se torna escassa, é porque apenas se percebe a força que vêm da massa; mas se a força tem pouca consistência, falta aí um bocado de ciência.
Se as instâncias já não são tão ativas, se tornaram pouco representativas e, correm o risco de andar a esmo, é preciso incentivar, todos a participar, e cada um representar-se a si mesmo.
Cada passo em cada tempo. Criar um pouco por dia. Avançar com humildade. Banhar-se de rebeldia.
A. Bogo

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