lunes, 30 de abril de 2007

El arte des de las manos


ÀS ILUSÕES



Por que será que a elite após quinhentos anos de poder, deixaria alguém que não é de sua classe se exceder, e o país por ele governar? Isto é o que se deve perguntar à aqueles que mansamente se aproximam, principalmente quando as pesquisas os animam.
A democracia burguesa é como uma carro rodando estrada a fora. Nele há um motorista treinado pela tradição. Mesmo cansado e sonolento, deixa o carro andar mais lento, mas não entrega nem por um momento o controle do regime que leva a multidão.
Este carro a dirigir pode ser dado, se um dia estiver muito atolado e iniciar as reclamações de passageiros. Aí o motorista de mansinho chama um ajudante, se afasta, e finge ir embora, mas fica controlando os movimentos lá de fora.
Sabendo que o carro fácil não sairá; ajuda os passageiros a reclamar para poder ir de volta ao volante. Por isso se posta mais adiante e espera a hora certa de dar o golpe certeiro, taxando o ajudante de barbeiro, vendo o carro patinando no atoleiro.
Se por acaso houver reações das multidões enlameada pelo barro, o “fugitivo” muito esperto e cheio de confiança, chama os seguranças e manda descer todos do carro.
Aí impõe as ordens até o dia que bem quiser. Como não foi previsto outro carro, a multidão tem de seguir a pé, prometendo vingar-se mais adiante, quando houver alguma eleição mais importante.
Assim a chuva passa, seca a estrada; o carro sai em disparada rumo ao destino repensado, o motorista já não tem o mesmo brilho, aí passa o volante, não para um ajudante, mas a um filho; e lá ficam os ajudantes enciumados a protestar, e o carro segue devagar, carregando as multidões para lugares pintados de ilusões.
Os ajudantes, todos de cara feia, a cada quatro anos são chamados a uma ceia. Num grande parlamento para discutirem porque o carro anda lento. Passam as horas a ceia pois termina, aí descobrem que o carro anda lento por não ter buzina. Então convocam uma eleição para o povo ( que até então nada pôde opinar), decidir que tipo de buzina colocar. E assim procedem, mas o carro continua andando devagar.
Passa-se o tempo, ceias vão e ceias vem e o carro já não atrai mais ninguém, apenas os que vão para ceiar. Xingam-se novamente em mesas regadas de champanhe e caviar, culpando-se uns aos outros, porque o carro anda devagar.
Trocam o motorista e nada modifica. Os ajudantes se revoltam porque novamente ele pertence a classe rica e nada de bom pode surgir. Propõe-se na próxima ceia, tomar o carro e começar a dirigir.
Vem a próxima ceia convocada pela elite. E a direita distribui todos os convites como se fosse uma grande brincadeira, e novamente, ocupa a maior parte das cadeiras.
Os ajudantes revoltados ameaçam não comer. “Que nada”, diz a elite, “ganhamos foi por pouco até”. A multidão iludida renova sua fé e continua a andar a pé.
Os ajudantes fingem não compreender, mas gostam de estar ali, mesmo sem dirigir, aproveitam todos os dias as muitas regalias, por viajarem (mesmo como ajudantes), no sistema da classe dominante.
Assim é. A multidão composta pelo povo, se quiser viajar e ter prazer, deve lutar para ter um carro novo; onde não haja privilégios de ceias e bacanais de doutores ou de turistas, e que todos, de algum jeito, tenham o direito, de serem motoristas.

A . Bogo

jueves, 26 de abril de 2007

ÀS PALAVRAS


Falar a verdade é importante; não deve haver nada mais atormentante que a alma dos políticos. Usam a boca como arma para disparar palavras com prudência, para não ferir de morte sua própria consciência.
Quando o político é eleito, só elogios se vê sair da caixa de seu peito. Quando perde, fica retrancado: não fala de imediato; analisa os fatos para depois emitir o seu “achado”.
Quando perde uma, duas, três e vai tentar a quarta vez, no desespero, começa a elencar os erros. Rebela-se de um jeito bem primário e aventureiro; acha que os adversários o derrotaram não pelas virtudes, mas pelas palavras rudes usadas pelos companheiros.
Assim expõe a sua sentença: “Quereis voz, que vosso candidato vença com esse palavreado? Que iremos reestatizar as empresas já privatizadas, resgatar o dinheiro, não pagar a dívida externa e estatizar o sistema financeiro? Isto não se diz mais não senhor, nem mesmo em campanhas para vereador! Muito menos para presidente. As palavras devem ser bem diferentes!”
Dizem que o peixe morre pela boca, isto é verdadeiro? Quem morre pela boca é o político interesseiro; com uma advertência: morre em sua consciência por primeiro.
Com belas falações, questiona os companheiros em suas razões: “Porque é que perdemos tantas eleições?” E dispara a resposta desta vez sem emissários: “Não pode ser pelas virtudes de nossos adversários!”
Vejamos então. Se há doze anos a esquerda não ganha a eleição por ter a língua afiada, significa que seus erros estão nas palavras “mal” faladas? Esta é a lógica da reflexão: falando “bem”, a direita ganhou cada eleição!
Então o jeito é se “desmanchar”. Deixar de falar tão diferente, engrenar um discurso eloquente, que não diga nada, mas que engane muita gente.
Na verdade o que está sendo dito, há muito tempo na memória vem escrito. Pelos ternos bem cortados já transparecia; para alguns porém era bobagem, mas de fato, nesta tenção imensa, a linguagem era ainda o que fazia a diferença.
Por isso é preciso prestar sentido: Neste país, de esquerda ainda há algum partido? Se pelo sim, responda com ações. Se pelo não, poupe o ar de seus pulmões.
Não é virtude ao errado se igualar. Mudar o discurso e rastejar para ver se a elite o aceita. A verdade é dizer sem emoção, a “esquerda” já perdeu a próxima eleição, e não por capricho nem vingança, é que na elite há pessoas de inteira confiança e não será mudando de discurso nem de jeito, que um candidato de fora desta classe será aceito.
É uma pena ver os sonhos desfolhados, mas os passos haviam denunciado, que, por falta de formação e militância, os combates perderam a importância. Por isto sobraram as palavras para modificar neste arsenal. Isto frustra quem ainda da revolução é um devoto, mas o segredo está em que, para caçar votos, é inútil um quadro formador, precisa-se em cada esquina de um bom “atirador” (de palavras afinal), conhecido como cabo eleitoral. Há milhares no Brasil com nome e endereço, o que diferencia um do outro, é apenas o preço.
Só há um jeito de chegar a vencer e governar: não deixar nenhuma palavra se render e com elas organizar aqueles que precisam do poder. Somente assim e deste jeito, não se perde a vergonha e o respeito.
A . Bogo

sábado, 21 de abril de 2007

"Nossos Inimigos"


Nossos inimigos dizem: "a luta terminou".
Mas nós dizemos: "ela começou".
Nossos inimigos dizem:"a verdade está liquidada".
Mas nós dizemos:"nós ainda a conhecemos".
Nossos inimigos dizem:"mesmo que ainda se conheça a verdade, ela não pode mais ser divulgada".
Mas nós a divulgamos.
Bertolt Brecht

martes, 17 de abril de 2007

VERDADES JÁ APRENDIDAS

Não diga que é preciso organizar o povo
Nem que os Bancos exploram o cidadão
Que a água não pode ser privatizada
E o caminho é a revolução.
Que a terra está entregue ao latifúndio
A renda está muito concentrada
O governo é conivente com o império
Que as idéias socialistas não estão superadas.
Que a soberania está quase perdida
O desemprego é irreversível
O homem está irreconhecível
Porque o consumismo já o venceu.
Que há milhões de indigentes pelas ruas
A fome come a vida das crianças
O povo perdeu as referências
A mídia atenta contra a inteligência
E a esquerda se rendeu.
Não diga que A globalização não é coisa do presente
Que a “elite” é inconseqüente
Os governos de esquerda são incoerentes
E o império já domina a humanidade.
Que o problema do povo é a propriedade
Que a riqueza é a fonte da violência
E que é preciso elevar a consciência.
São verdades talvez muito batidas
Que sem ação podem perder a própria vida.
Não. Não diga nada!
Pergunte se há um caminho... uma estrada?
Se está disposto a alinhar os passos
E convencido a descruzar os braços
Para agarrar com força a solução?
Pergunte o que é a revolução?
Porque é chegado o momento
Onde as palavras já não servem como exemplo.
Entenda de uma vez:
Que a dominação e a liberdade podem ter a mesma idade.
Há momentos em que uma só olhada
Organiza uma longa caminhada
E incendeia o coração dos que já não se queixam.
Acredite que tudo guarda uma força interna
Que as injustiças não conseguem ser eternas
Simplesmente porque os revolucionários não deixam.

A. Bogo

jueves, 5 de abril de 2007

AO CHE


Em Santa Clara de longe se avista, o grande comandante comunista. Jovem e esbelto na estátua que o moldura, parecendo ser viva a criatura.
Não há quem não se emocione ao ver o retrato tão fiel, talvez mais do que ficar frente a frente com Fidel.
Em outro ponto é outra a situação, pode-se descer e pegá-lo pela mão. Está logo à frente de onde o trem saiu dos trilhos. Sem o fuzil. Olhar de confiança. Nos braços uma criança como se fosse um filho. Assim também nós nos sentimos, filhos do comandante que seguimos.
No memorial estão os guerrilheiros, enfileirados como companheiros, a espera da voz do comandante, dando a eles ordem para seguir adiante. Ali se encontram objetos deformados que foram tão preciosos quando por eles usados.
Mas o Che não está apenas neste velho mostruário, está no coração do povo, no trabalho voluntário; na moral, nos valores e nos sentimentos, na defesa do país e no comportamento.
As crianças tem orgulho de serem socialistas, defendem a revolução e todas as suas conquistas, têm no olhar uma chama de esperança; reconhecesse apenas pela voz que são crianças.
A juventude está à disposição, para cumprir socialmente sua função. Em suas faces já não se vê as velhas cicatrizes, buscam manter da cultura suas raízes, e vão em massa prestar ajuda solidária em outros países.
Ali se vê que o Che não foi apenas comandante militar, mas um ser inquestionável que sentia e sabia amar. Que tinha um pensamento em cada mão, na boca, uma singela canção, que atraia os ouvidos de seu povo e assim cada qual se tornou novo.
Este artista, arquiteto de um só sonho, que enfrentava o perigo tão risonho, pois sabia o valor que tinha a vida. Como pode sua voz ser esquecida se suas ordens eram cantos nas trincheiras? Seus planos eram como brincadeiras, de crianças tentando moldar o mundo, por isso seu carisma tão profundo, de enfrentar limites e desrespeitar fronteiras.
Poeta do fuzil que não podia caber só em uma ilha, seguiu pelas Américas abrindo trilhas, como um raio de luz penetrando nas florestas, com suas idéias foi abrindo frestas, nas velhas teorias petrificadas, fez dos passos teses elaboradas que, a seu ver sempre foram modestas.
Guerreiro da consciência. Lutador contra a ignorância. Deu aos humanos a máxima importância, porque acreditava na ciência. Transformou o conformismo em impaciência, os limites em degraus entre as batalhas; colocou os acertos sobre as falhas, combateu em si mesmo as deficiências.
Como podemos esquecer ou fingir estar distante? Deste ser que nos chama ardentemente, nas batalhas estará sempre em nossa frente, sendo assim o eterno comandante.



A . Bogo