jueves, 26 de abril de 2007

ÀS PALAVRAS


Falar a verdade é importante; não deve haver nada mais atormentante que a alma dos políticos. Usam a boca como arma para disparar palavras com prudência, para não ferir de morte sua própria consciência.
Quando o político é eleito, só elogios se vê sair da caixa de seu peito. Quando perde, fica retrancado: não fala de imediato; analisa os fatos para depois emitir o seu “achado”.
Quando perde uma, duas, três e vai tentar a quarta vez, no desespero, começa a elencar os erros. Rebela-se de um jeito bem primário e aventureiro; acha que os adversários o derrotaram não pelas virtudes, mas pelas palavras rudes usadas pelos companheiros.
Assim expõe a sua sentença: “Quereis voz, que vosso candidato vença com esse palavreado? Que iremos reestatizar as empresas já privatizadas, resgatar o dinheiro, não pagar a dívida externa e estatizar o sistema financeiro? Isto não se diz mais não senhor, nem mesmo em campanhas para vereador! Muito menos para presidente. As palavras devem ser bem diferentes!”
Dizem que o peixe morre pela boca, isto é verdadeiro? Quem morre pela boca é o político interesseiro; com uma advertência: morre em sua consciência por primeiro.
Com belas falações, questiona os companheiros em suas razões: “Porque é que perdemos tantas eleições?” E dispara a resposta desta vez sem emissários: “Não pode ser pelas virtudes de nossos adversários!”
Vejamos então. Se há doze anos a esquerda não ganha a eleição por ter a língua afiada, significa que seus erros estão nas palavras “mal” faladas? Esta é a lógica da reflexão: falando “bem”, a direita ganhou cada eleição!
Então o jeito é se “desmanchar”. Deixar de falar tão diferente, engrenar um discurso eloquente, que não diga nada, mas que engane muita gente.
Na verdade o que está sendo dito, há muito tempo na memória vem escrito. Pelos ternos bem cortados já transparecia; para alguns porém era bobagem, mas de fato, nesta tenção imensa, a linguagem era ainda o que fazia a diferença.
Por isso é preciso prestar sentido: Neste país, de esquerda ainda há algum partido? Se pelo sim, responda com ações. Se pelo não, poupe o ar de seus pulmões.
Não é virtude ao errado se igualar. Mudar o discurso e rastejar para ver se a elite o aceita. A verdade é dizer sem emoção, a “esquerda” já perdeu a próxima eleição, e não por capricho nem vingança, é que na elite há pessoas de inteira confiança e não será mudando de discurso nem de jeito, que um candidato de fora desta classe será aceito.
É uma pena ver os sonhos desfolhados, mas os passos haviam denunciado, que, por falta de formação e militância, os combates perderam a importância. Por isto sobraram as palavras para modificar neste arsenal. Isto frustra quem ainda da revolução é um devoto, mas o segredo está em que, para caçar votos, é inútil um quadro formador, precisa-se em cada esquina de um bom “atirador” (de palavras afinal), conhecido como cabo eleitoral. Há milhares no Brasil com nome e endereço, o que diferencia um do outro, é apenas o preço.
Só há um jeito de chegar a vencer e governar: não deixar nenhuma palavra se render e com elas organizar aqueles que precisam do poder. Somente assim e deste jeito, não se perde a vergonha e o respeito.
A . Bogo

No hay comentarios: